Páginas

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O circo do palhaço triste

Alguém me disse que você
perguntou por mim.
Queria saber como estou?
Eu estou assim:
do jeito que você me deixou...
Como um triste palhaço,
que a ninguém consegue divertir;
que acaba causando embaraço
na criança que não pôde sorrir.
Como num circo vazio
meu coração-domador
tenta vencer esse desafio:
reconquistar a platéia do amor.
Depois de você,
não me acertei com ninguém.
Sabe por quê?
Só você me faz bem!
(AD)

domingo, 18 de setembro de 2011

Levanta

“Levanta dessa cama garota. 
Anda! 
Sei que tá doendo, mas levanta. 
Coloca uma roupa. 
Passa a maquiagem. 
Arruma esse cabelo. 
Ajeita a armadura. 
Segura o coração. 
Sai por aquela porta. 
Enfrenta o vento. 
Sorri pro Sol. 
Segura o coração. 
Olha pra ele. 
Passa reto. 
Não caia...Não caia. 
Engole o choro. 
Fingi de morta quando ele falar com você. 
Seja fria. 
Continue andando. 
Enfrente seus problemas de cara. 
Reaja...Vai. 
Tá pensando que é só você que sofre? 
Tá enganada. 
Anda menina. 
Para de ser infantil. 
A culpa não é de ninguém….
Se apaixonou agora segura. 
Anda. 
Seja forte...Seja feliz. 
Seja uma mulher.”
(Caio Fernando Abreu)

domingo, 11 de setembro de 2011

Onze de Setembro

A poeira já pousou
Sem conseguir esconder o que se passou
Afinal nada mudou
A dor para sempre ficou.

Memórias sofríveis
De momentos inesquecíveis
De imagens terríveis
E de vozes tristemente audíveis.

O sofrimento vindo do ar
De onde ninguém queria acreditar
No entanto ele continuava a chegar
Derramando lágrimas em cada olhar.

As horas iam passando 
E todos os sentimentos de raiva e ódio aumentando
Vendo milhares de rostos de desespero gritando
Enquanto outros a sua vida iam terminando.

Hoje cada um de nós revê essa dor
Tendo no seu coração um sentimento sofredor
A chacina de inocentes no seu esplendor
Onde jamais se viu num filme de terror.

Mas por que que isto tinha que acontecer?
Valeu a pena por o mundo a sofrer,
Assistindo à força da palavra morrer?
Foi apenas isto que nos permitiram ver…
(João Filipe Ferreira)

sábado, 10 de setembro de 2011

Sigo à Risca

"Sigo à risca.
Me descuido e vou…
Quebro a cara. 
Quebro o coração. 
Tropeço em mim. 
Me atolo nos cinco sentidos. 
Viver não é perigoso?
Então, com sua licença. "
(Guimarães Rosa)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O passado que não saiu do coração

Muito tempo se passará,
E já era impossível esconder tal sofrimento,
Uma dor extrema que só aumentava,
Fazendo restar apenas um vazio por dentro.

O que deveria ser a solução para as duas vidas,
Acabou se tornando o pior dos tormentos,
Angustia dominando a alegria,
Sonhos se transformando em pesadelos.

As intenções eram boas,
Para as almas encontrarem novas paixões,
Mas algo saiu errado,
O passado não deixou um dos corações.

O que era pra ser um “adeus”,
Acabou em palavras lançadas ao vento,
Um dos corações não conseguiu se despedir,
Pois o passado insistiu em permanecer lá dentro.

Desesperado o coração gritou,
Mas ninguém ouviu o seu chamado,
Foi quando uma inesperada voz amiga o consolou,
Esta era do coração que ele tinha abandonado.
(AD)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Passei o Dia

Passei o dia a gritar por dentro,
a espernear dentro de mim mesma,
a reprimir as lágrimas de frustração…

Passei o dia a mandar tudo para o espaço
sem que ninguém me pudesse ouvir,
sem que ninguém sequer se desse conta…

Passei o dia a lutar contra esta raiva absurda,
esta vontade de partir louça e berrar
a plenos pulmões “Estou aqui! Ouçam-me!”.


Passei o dia a pensar em mais uma noite mal dormida,
em mais um amanhecer despojado de vontade,
em mais um dia igual a todos os que já passaram…


Passei o dia a pensar que amanhã… quem sabe?
Talvez amanhã o céu amanheça mais azul
ou simplesmente eu me sinta confiante e feliz…
Talvez amanhã eu acredite que amanhã será diferente…
(Hisalena)

Tua Boca

A tua boca tem o mel das flores,
tem o calor de muitos amores,
tem o silêncio forte de muitas dores,
tem a brasa quente de muitos ardores,
tema a doçura mágica de mil sabores.
A tua boca tem o calor do sol de Verão,
tem a incerteza do sim que era não,
tem a chave do que fechas no coração,
tem a mais pura e doce tentação,
tem a sincera e verdadeira emoção.
A tua boca tem segredos por descobrir,
tem o amargo das lágrimas ao partir,
tem a magia que me faz ver e sentir,
tem o que ficou de um sonho ao cair,
tem mil segredos num cofre por abrir.
A tua boca é pouco mais que ilusão,
a tua boca é um sonho por concretizar,
a tua boca encerra essa doce sensação
de um beijo que apenas posso imaginar!
(Hisalena)

Janela

De uma janela entreaberta
vejo o mundo lá fora
fascinante, vibrante, real
tão marcante e diferente
desse mundo que eu criei
só para mim.

Minha ousadia e coragem
não passam de quimeras
sou uma fonte com sede
uma mulher na janela.

Fera ferida que se retrai
confortando cicatrizes
fugindo da própria alma
negando suas matizes.

Como um quadro na parede
não canso de admirar
a porta que me convida
para o mundo conquistar.

E esse forte desejo
vai penetrando-me a pele
entorpecendo os sentidos
tirando-me da janela.

Vou saindo devagar
o pensamento num homem
querendo buscar na selva
esse homem para amar.

Mas a coragem me falta
retrocesso é o que me sobra
encurralada e medrosa
eu volto para a janela.
(Tere Penhabe)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sou Trapezista


Sou trapezista
nesse circo escandaloso em
que minha vida se transforma.
Às vezes estou na corda bamba,
às vezes faço papel de palhaço,
às vezes rio dos outros palhaços.
Tem dias que rio de mim mesmo,
e tem dias que enfrento feras e metáforas;
mas, vivo sempre lá em cima,
trapezista da minha própria existência,
bailarina da minha própria esperança.
Quase sempre mando que até retirem
as redes de proteção para que o risco seja
maior que o riso, para que os saltos sejam
mais emocionantes e mais altos,
para que a aventura seja ainda
mais perfeita e mais profunda.
E se um dia eu voar de encontro ao chão,
isso não terá nenhuma importância,
porque também viverei a
emoção da própria queda.
Em nome da vertigem,
toda queda tem poesia.
Quem cai por amor à vida,
cai sempre por cima...
(AD)